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quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

O FUTURO DA MIDIA: Big Data x Ética

 Apesar do  nome desse artigo lembrar o título de filmes de ficção cientifica , ele é baseado em um antigo livro de Nicolas Negroponte, “A Vida Digital” ( 1995) onde ele previu que no futuro a convergência tecnológica seria um caminho sem volta. E ainda que anos depois, Henry Jenkins , em “A cultura da Convergência” (2008) venha complementar essa questão, afirmando que a convergência não era tecnológica, mas sim, comportamental, uma vez que se dá na mente das pessoas que buscam o conteúdo em várias plataformas. E humilde e mais recentemente , em meu artigo “Um Caminho para a TV Disruptiva” (https://www.linkedin.com/pulse/o-caminho-para-uma-tv-desruptiva-tom-jones-moreira-de-assis/) reflito como as emissoras de TV precisam passar a se enxergar como geradoras e provedoras de conteúdo e não mais como “emissoras” .

Desde o lançamento desse artigo , venho esperando e acompanhando o movimento delas nessa direção , uma vez que a indústria broadcast vem sendo desafiada ,assim como um dia desafiou o Rádio e o forçou a se reposicionar , como meio de transmissão de massas e achar uma nova posição no mercado e na cadeia de valor que ocupava.
Agora é a vez do OTT, do VOD e do Streaming , desafiarem a Televisão a se reposicionar na cadeia de valor
e encontrar novas configurações .
E ao fazer este exercício ( nada fácil diga-se de passagem ) ,temos algumas analises pela frente:

A primeira é um questionamento relevante, sobre se o “conteúdo é o Rei”(como diversas vezes temos ouvido ), quem seria a Rainha desse sistema ? Seria a distribuição a Rainha ? ou seria a Tecnologia ?
Na verdade, conteúdo, distribuição e tecnologia são governados por uma entidade muito mais importante que todos eles juntos, essa entidade seria o consumidor, pois é o consumidor que determina o que vai ser sucesso ou o que vai ser fracasso , por que , é o consumidor que cada dia mais está no controle é ele o verdadeiro Rei que se apresenta neste novo cenário .
Corroborando com essa tese, vemos que atualmente, temos cinco gerações convivendo ao mesmo tempo e cada uma delas com comportamentos e valores diferentes. O tipo e o formato de conteúdo que cada uma delas consome, impacta no desenvolvimento de novos tipos de programação e modelos de distribuição.

E desse ponto de vista, temos que concordar que as estratégias precisam levar em conta que o consumidor deve estar no centro dessa atenção.
Isso pode ser feito tentando-se mapear toda a chamada “jornada do consumidor”, para conhecer seus hábitos, gostos e costumes, e dessa forma conhecer como ele toma suas decisões , e até mais, se existe um padrão que possa ser reutilizado para outros comportamentos semelhantes .
Assim a chamada Jornada do consumidor, tornara-se não uma ferramenta, mas sim um entendimento das motivações que fazem um produto ser consumido ou não. Pois é através do conhecimento das motivações que se pode engajar as pessoas através de conteúdos relevantes, que façam sentido para elas.
Não adianta, ter volume , ou qualidade subjetiva se o conteúdo não tem relevância para o público que deseja atingir.
É nesse ponto que a tecnologia deve entrar, como responsável por fazer chegar esse conteúdo relevante até o consumidor final, com uma experiência de qualidade ( o chamado QoE).
Pois de nada adianta se ter um conteúdo relevante se a experiência for frustrante, se a imagem travar, se o som tiver interferências, dessa forma a qualidade da experiência deve ser assegurada pela tecnologia de distribuição . E assim chegamos aos dados (ao Big Data) , são os dados captados que vão dizer o que realmente é ou não relevante , se a experiência está sendo entregue com qualidade ou não.
Dessa forma vemos que o consumidor esta no centro das atenções, envolto em todo um aparato tecnológico, com um único objetivo, capturar dados, armazena-los ,para que esses possam ser analisados posteriormente, e que venham a alimentar esse circulo virtuoso de produção de conteúdo relevante com alta qualidade na experiência.
Porem aqui , abre-se para uma pergunta : Até onde vão os limites éticos para a captura desses dados? Uma vez que não existe hoje legislação que regulamente esses limites ?
E a resposta esta na Ética ! Quanto mais necessitarmos dos dados, mais éticos devemos ser para com eles
Assim, uma vez tratados esses dados com ética ,e extrairmos deles sua relevância, podemos então ter todo um processo de conhecimento do consumidor, pois é a vontade deste que determina o sucesso ou o fracasso de um produto. São esses mesmos dados que vão possibilitar a oferta de produtos Premium, de qualidade e relevância, com um diferencial a mais, sem intermediários nesse caminho.
E Porque sem intermediários? Por que quando se tem intermediários os “dados do consumidor” ficam retidos não no produtor do conteúdo, fazendo com que a emissora não conheça seu consumidor e dessa forma quebra-se o ciclo positivo de oferta de qualidade e relevância. Dessa forma cada vez mais quem produz conteúdo procura entregar diretamente para o consumidor final, para que em troca possa conhecer também cada vez mais quem é seu cliente.
E por fim o grande desafio, talvez seja abandonar o discurso da alta tecnologia , e pensar no discurso da alta experiência, pensar no discurso de tocar o consumidor com mais intensidade com mais adequação.
Embora todos queiram : Alta definição, redes de alta capacidade, Realidade Aumentada, conteúdo inteligente, conteúdo interativo, tudo isso , são desafios e oportunidades para quem está lidando com o consumidor , mas eles não são os mais importantes, o mais importante é responder a pergunta :
O que o consumidor quer? Ele quer entretenimento , informação e inclusão. Esses desejos devem ser traduzidos em atributos como : encantamento, imersão, relevância e valor agregado.

Para assim chegarmos em quais são as demandas que devem ser atendidas ? Como por exemplo : Mais qualidade, maior poder de escolha , capacidade de ver quando, onde e como quiser, ubiquidade para qualquer dispositivo e por fim o engajamento, ou sejam, que tenha relevância para ele.
Abandonar o discurso da tecnologia é antes de tudo lembrar que ,na vida as pessoas tendem a adaptar a tecnologia a seus interesses, e não subordinar seus desejos a tecnologia , ou seja, quem comanda o que vai dar certo ou errado, é quem consome e não quem oferta !