Uma
história :
“A alguns anos atrás ,
estava no transito ouvindo “The Wonder Of You” do Elvis Presley, em uma altura considerável ( como sempre faço
quando estou sozinho dentro do carro) , uma senhora aparentemente com mais de
60 anos, que passava pela calçada
ouviu a musica e imediatamente parou , e
ficou ouvindo, sem olhar para o meu lado, ela simplesmente foi agarrada pelas
lembranças que aquela musica aparentemente traziam a ela e ficou ali curtindo a
musica e suas lembranças, e eu reparando
nisso, com um olho nela e outro no
semáforo, torcendo para que não abri-se
antes do término da musica , e
estilhaça-se aquele momento, em que duas pessoas desconhecidas estavam
interligadas por uma canção em comum .
O fim da história é que a
musica terminou, o farol abriu e ela seguiu seu rumo e eu
o meu , mas aquele momento ficou registrado para sempre na galeria de
boas histórias da minha memória...”
Você pode ouvir “The Wonder
Of You “ aqui (e quem sabe ter boas lembranças também) :
QRCode Elvis The Wonder Of You
Escolhi contar essa história que aconteceu comigo , pois
acho ela significante para ilustrar o
poder de uma boa história e de como as
narrativas , são capazes de nos
identificar de imediato com os personagens e sobre tudo, seja na musica,
na literatura ou nas artes em geral, tudo o que queremos é que a obra nos conte
uma boa historia.( O uso da transmidia com QRCode, fornecendo para você leitor
uma forma de ter a experiência da musica, é só mais uma forma de deixar a
experiência ainda mais completa) .
A canção “The Wonder Of You” do Elvis, talvez represente para aquela senhora , um momento
feliz em sua vida . Capaz de faze-la parar e entregar-se aqueles segundos de
recordações, sem preocupação com tempo ,
lugar ou principalmente com o que as pessoas pudessem pensar dela .
Em Xavier[1], aprendemos que
:
“Toda historia é um corte no
tempo, Escolhemos a fatia em que se desenrola uma seqüência de fatos que
resulta em um enredo interessante e ali ficamos. Sendo o tempo a matéria prima
da vida e a vida a matéria-prima da história, nada mais natural que o tempo
seja a unidade básica sobre a qual , tanto a vida quanto as histórias se
desenvolvam”
O acumulo de experiências
nos transforma, o passar do tempo nos transforma, queiramos ou não, tudo se
transforma, ou pelo menos nos ajuda a revelar nossa verdadeira personalidade,
dessa forma toda historia é uma busca e buscas são a existência de um objetivo,
um percurso que deve ser perseguido. O desconhecimento sobre o que vai acontecer
no final desse percurso é o que nos faz
acompanhar a história, a torcer contra ou afavor desse ou daquele personagem,
pois as histórias são a oportunidade de viver vidas e emoções alem das nossas
...
Vivemos um momento de
grandes novidades, que provoca reflexões e exige que usemos a máxima do ditado,
é apreciando o passado que se aprende sobre o futuro.
Descobrir que as historias
que estruturam nossas vidas ,são muitas vezes releituras de mitos, canções
e odes de bardos atemporais é a nossa missão nesse capitulo.
Ao final das contas a razão de ser de toda historia é a busca por um
significado.
Dar significado a nossa
existência, as pessoas e coisas que nos cercam é a meta que buscamos desde que
o mundo é mundo. Pois as pessoas sempre estão a procura de conexões novas e emocionantes.
No final todo mundo gosta de
uma boa história, o escritor Honoré de Balzac, não se via como romancista mas
sim como um “historiador de costumes” e no fundo talvez todos os grandes
escritores sejam isso mesmo, historiadores de costumes, contando o que
aconteceu (seja inventado ou real) na forma de fatos e fatos não são verdades,
verdades são o que nós pensamos sobre os fatos.
E assim nos tornamos
arqueólogos de histórias, de sentimentos, arqueólogos de um universo
transmidiatico que não está preso sobre as 4 paredes de uma narrativa linear,
mas sim desliza livre e transversalmente sobre todas as midias que nos possibilitem
escavar e buscar por uma boa história, uma história com fatos, verdades e
sonhos .