Em vez de repensar o que é
possível e transformar a indústria, usamos consistentemente para embelezar o
que já fazíamos antes.
Vimos isso muitas vezes com novas
mídias. Os primeiros programas de rádio re-liam as manchetes dos jornais, os primeiros
programas de TV foram teleplays com câmeras apontadas para os leitores, até
mesmo websites hoje em dia reproduzem formas passadas de anúncios de papel . (Quantas vezes você já visitou um site
de supermercado e ele se parece com o folheto que esta ali na sua porta todo
amassado pelo cachorro? ) .
Muito se fala da desruptiva
arquitetura dos dispositivos OTT e sua força sobre o modelo de negocio atual
das TV´s sejam abertas ou fechadas (
cabo, satélite etc ).
O OTT pode vir embarcado desde o
Playstation Vue, Xbox 0NE, Tv conectadas ou o Slingbox e agora Amazom Prime e o já
famigerado Netflix . Estamos todos vendo uma nova parcela de ofertas que devem
mudar a forma como vemos TV para sempre.
No entanto, um olhar sobre esses
novos serviços rapidamente revela uma lacuna no conhecimento e como, até agora,
muitas empresas não conseguiram entender como o comportamento das pessoas e as
suas expectativas mudaram. Isso significa uma enorme oportunidade perdida. O
movimento de transmissão por streaming não é de interesse dos leigos, as
pessoas não se importam como as coisas chegam até elas . Elas não se preocupam
com a tela que estão ligadas, elas apenas se preocupam como a experiência.
Mais frequentemente do que se
pensa nós não vamos até o conteúdo, ele
vem a nós - sugerido por amigos ou por algoritmos amigáveis ,na forma de feeds ou auto-playing.
Neste contexto, dois elementos
fundamentais da arquitetura de escolha do canal de TV são irrelevantes para o futuro,
mas ainda são usados como princípios organizacionais para decisões de bilhões
de dólares.
O Comportamento contemporâneo não
é consumir notícias diretamente de um editor - praticamente ninguém vai para a
homepage dos jornais, (esse tráfego continua
seu declínio precipitado ) . Mesmo essa matéria a maioria das pessoas leem
isso a partir de um outro lugar que não
originalmente esse blog ). Quantos de nós nos encontramos lendo a revista Veja de alguma forma esta semana? Nosso
relacionamento não é mais com um editor, é com o artigo, ou como um agregador
de notícias que nos levou até aquele artigo .
Da mesma forma, na música nós não
navegamos até o site da nossa gravadora
favorita ,isso porque nós amamos bandas
ou músicas, não amamos gravadoras .
Usamos aplicativos como o “spotify”
que puxam todas a músicas e nos
deixam navegar por gênero, por banda ou o que nos é sugerido por um amigo ou novamente um algoritmo amigável .
O mesmo vale para a TV, com exceções de conteúdos notáveis não assistimos a canais,
assistimos a espetáculos, a séries . O
papel dos canais de televisão esta se tornando totalmente irrelevante, embora sejam relevantes para o financiamento de programas que amamos.
Façamos uma analogia simples,
hoje as gravadoras distribuem seus “artistas” para o número máximo de rádios
que conseguirem e geram receita com isso. Dessa forma as gravadoras são
geradoras de conteúdo para as rádios . E muitas rádios tocam as mesmas musicas
.
Da mesma forma, porque não
podemos ter canais de TV sendo geradores de conteúdo para diversos meios de
distribuição como: Netflix, Hulu, Amazon
Prime etc ? ( assim como as gravadoras
fazem com suas Bandas e artistas ) e
sendo remunerados pelos mesmos.
Ou seja os canais de TV precisam
se ver como o que realmente são: Geradores de Conteúdo!
Existe uma iniciativa (ainda que
embrionária disso), onde vemos diversos aplicativos de canais sendo lançados
como agregadores de seus próprios conteúdos , como por exemplo o FOX PLAY,
TELECINE PLAY ,GLOBO PLAY , e assim por diante .
Isso embora não pareça , trata-se também de uma
forma de mau uso da tecnologia ( da mesma forma que os primeiros programas de
rádio que apenas reliam as manchetes dos jornais) pegar a ideia de canal de TV e replicá-lo
como um aplicativo, é uma solução para problemas de uma era mais primitiva do
que a que vivemos hoje .
Quem quer assistir TV
selecionando na Apple TV, ou no Chromescast 50 aplicativos de canais de TV ?
Isso seria o mesmo que abrir o Spotify
e selecionar o aplicativo da gravadora Virgin a partir de uma tela com 50 outros aplicativos de música.
Isso não faz o menor sentido hoje
!
Hoje o conteúdo Prime da tv são os eventos ao vivo e o jornalismo, todo o mais, pode ser visto fora de uma grade de programação . E por que não ser visto em dispositivos diferentes, por distribuidores diferentes ? ( a resposta todos sabemos o modelo de negócio)
Isso obriga também uma nova
arquitetura para os Guias Eletronicos de Programação, o EPG hoje mostra canais
verticalmente em uma escala de tempo irrelevante . Porque a Seção da Tarde só
pode ser assistida naquele horário, naquele dia e não quando eu quiser ? É o conteúdo que importa certo ? .
E se a emissora for remunerada
pelo conteúdo assistido e pela audiência do conteúdo ( como é o modelo atual do
youtube , que remunera seus “canais” por visualização ). O EPG precisa refletir
essa mudança , e ter a “inteligência “
de oferecer conteúdos desconectados da
emissora ( canal de TV ) . Quando
você faz uma busca por Rock no Spotify, o algoritmo não se importa se a banda pertence a essa ou aquela
gravadora, mas sim se ela pertence ao gênero musical que o usuário esta
interessado ,pouco importa a gravadora .
O EPG deve ser capaz de ter essa
mesma indiferença e fazer a busca do gênero de comédia em todos os canais que
disponibilizarem esse gênero em seus conteúdos.
O EPG NÃO PODE MAIS ESTAR PRESO
AO TEMPO E AOS CANAIS, ele deve ser um
algoritmo amigável de sugestão de conteúdos e busca dos mesmos.
Fora notícias, esportes ou eventos únicos como a
final da copa do Mundo, das Olimpiadas etc
o tempo não tem mais nada a ver
com a grade de programação.
O novo mundo da TV, tem que estar desagregado do tempo, removido dos paradigmas
de apps que copiam a mesma ideia da Tv analógica para o mundo de stream sem
limites.
Nossos hábitos de visualização
tornaram-se mais extremos, oscilando entre o clipe ultra-curto de 20 segundos
de uma abelha puxando pregos de uma parede, ou o esmagador fenômeno das
maratonas de 12 até 20 horas
assistindo seriados como Narcos ou Black Mirror , que o Netflix também
nos acostumou.
Uma nova maneira de assistir TV.
Estamos em meio a era digital,
mas vivemos com o legado de sistemas analógicos .
Com os Canais de TV lentamente
reconhecendo a importância do stream e da internet, devemos adotar novos
pensamentos e arquiteturas.
Precisamos que a tela principal
da TV seja uma barra de pesquisa. Uma
barra que puxe o conteúdo de todos os
provedores que eu assinar (ou que estejam disponíveis, podendo assim oferecer
conteúdo pago, ou grátis relevante ao meu perfil) .
Precisamos que se priorize o
conteúdo sem anúncios sobre o anúncio financiado.
Precisamos de conteúdo 4K seja priorizado sobre o conteúdo HD e o mesmo sobre o SD.
Precisamos de um botão Live TV neste
mesmo EPG .
Precisamos que seja mostrado o que nossos amigos gostam de assistir .
Precisamos compartilhar no Facebook o gol do nosso time
,no exato momento que ele acontece ,com um simples botão do controle remoto .
Precisamos urgentemente de "Spotify " para a TV !
Pois ao selecionarmos um show,
devemos receber sugestões de conteúdos parecidos a seguir.
Nossos telespectadores
,tornaram-se TELEPARTICIPANTES(1), e
requerem que todo o conteúdo seja
ligado, querem selecionar uma estrela de TV e ver todo o tipo
de fofoca sobre ela na tela do tablete ou do celular ( segunda tela ).
Esse teleparticipante quer clicar em um escritor e descobrir mais sobre
ele.
Quer que seu controle remoto possa ser um centro de
controle para todo o conteúdo.
Esses requisitos estão
transformando radicalmente a forma que assistimos TV, mas ainda precisamos nos
livrar do paradigma analógico e fazer uma TV Desruptiva , que possa responder a
algumas perguntas :
Quando a TV se torna vídeo? (
Quando a emissora se torna provedor de conteúdo? )
Qual modelo de negócio atendera
as massas e aos anunciantes?
( um modelo de negócio desruptivo
não exclui anúncios, pelo contrário os torma mais acessíveis a uma audiência
engajada ).
Quando o caos atual terminar, uma
maravilhosa paisagem nova ira surgir... O futuro é incrível, mas precisamos nos
livrar do pensamento preguiçoso e do mau uso que estamos fazendo de nossas
tecnologias .