Quem leu a biografia de
alguns dos grandes “gênios criativos” de nosso tempo (Steve Jobs*, Bill Gates**
) talvez em algum momento tenha se
questionado como pai (ou mãe) a difícil tarefa que os pais desses “gênios”
tiveram que enfrentar ,pois conviviam
com crianças, adolescentes e adultos que não se encaixavam no chamado mundo
convencional.
Nossa sociedade, nossas
escolas de educação formal e todo o ambiente em que vivemos são nocivos a
criatividade e ao espírito questionador.
Estar a frente de seu tempo,
inventar produtos ou serviços que ainda ninguém se deu conta de que precisa, compor
musicas, escrever livros... tudo isso esta associado a criatividade e ao
espírito inovador ,que muitos julgam ser para poucos escolhidos e por isso os
entraves são complexos e começam ainda muito cedo, quando ainda somos crianças
e temos uma mente ágil e estamos prontos para ir em busca de conhecimento,
testar novas vivências e experimentar coisas novas.
Porém é quase que um dever
“cívico” que a família tente
“domesticar” essa criança muito ágil e questionadora, grande parte das famílias
preferem a criança comportada, menos viva, porque a criança criativa dá muito
“trabalho”, e daí inicia-se um processo de inibição do espírito
exploratório/criador do ser humano. E que não para por ai, algum tempo depois,
no inicio de sua educação dita “formal” a criança ainda esta a mercê desse
processo de inibição continuo.
Quantas são as escolas
publicas que você conhece que incitam a criatividade? No geral elas incentivam
a reprodução. Nossas escolas não incentivam a reflexão, o espírito
exploratório. Ao contrário aprendemos que para
cada desafio só há uma resposta certa.
Exemplos mais drásticos
desse processo de inibição tem sido noticiados
por médicos, a respeito do uso inclusive de medicamentos como a Ritalina***...
“A pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora
titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da
Unicamp,fez uma declaração bombástica:
“A gente corre o risco de fazer um genocídio do futuro”, disse ela em
entrevista ao Portal Unicamp. “Quem está sendo medicado são as crianças
questionadoras, que não se submetem facilmente às regras, e aquelas que sonham,
têm fantasias, utopias e que ‘viajam’. Com isso, o que está se abortando? São
os questionamentos e as utopias. Só vivemos hoje num mundo diferente de mil
anos atrás porque muita gente questionou, sonhou e lutou por um mundo diferente
e pelas utopias. Estamos dificultando, senão impedindo, a construção de futuros
diferentes e mundos diferentes. E isso é terrível”.
Então imagine-se no lugar do
pai ( ou da mãe ) de um Steve Jobs, ou Bill Gates, vendo seu filho largar a
faculdade para dedicar-se a um projeto que você claramente não vê futuro. Pois
tudo na nossa sociedade segue regras rígidas para o “sucesso”, todo Pai e Mãe
quer ver seu filho formado, quer um médico
na família, quer um advogado ou engenheiro brilhante não é mesmo?
E não há crime nenhum nisso,
pois não temos como saber quais são as exceções as regras. Afinal de contas
quantos Bill Gates podem existir ? A espaço no mundo para todos eles ? Mas é
justamente ai que mora o perigo, a inovação e a criatividade são inerentes ao
ser humano, não são uma questão de dom, de inspiração. Todos os seres humanos
são criativos !
Mas ai surge uma outra
pergunta pertinente, se é assim por que então não vemos mais gênios criativos
soltos por ai ?
A resposta esta em nossa sociedade, a criatividade dita
cotidiana, não é visível ou passa pelo crivo de outras pessoas. Pois o ato de
criar esta contido tanto em um sonho que demora anos para ser concretizado, como
também no simples ato de mudar o
ingrediente em uma receita ou a mudança do trajeto de volta para casa. Porém
quando a criação, envolve outras esferas, principalmente a profissional, e
dessa forma ela tem de passar por julgamentos, analises e criticas, pois envolve
custos e mais pessoas para ser implementada, então todos os alertas de perigo
vão soar e fazer com que as idéias sumam e os bloqueios apareçam.
E esses bloqueios vem da
sociedade que trabalha para que o individuo, tenha sempre uma única resposta
certa ( pois afinal de contas todos aprendemos isso na escola) e se não for
assim, vai tratar de reprimi-lo e desencorajá-lo da manifestação do
comportamento diferente, divergente. Pois a resposta diferente quebra
paradigmas, gera duvidas, insegurança. Abre a possibilidade do que pode ou não
dar certo. E então isso gera medo e as pessoas preferem reproduzir algo que já
existe a produzir coisas novas.
Você teria a coragem de
chegar para seu chefe e dizer a ele : “ vamos tirar todos os botões dos
smartphones, vamos fazer um smartphone que não tenha botões ... eles só
atrapalham a usabilidade das pessoas” ?
Antes de Steve Jobs ter a
coragem de fazer isso, todos acreditavam que quanto mais botões um telefone
tivesse, mais “smart” ele seria . Sair do esquema exige muita coragem,
criatividade é um ato de coragem, é preciso ser corajoso para ser
criativo. O covarde não cria, porque não
se arrisca, não tem coragem de encarar as criticas e a desaprovação da
sociedade.
É preciso coragem também
como pais para apoiar, orientar e compreender o espírito exploratório de nossas
crianças. Lidar com “robôs” que seguem ordens, sem questionar é muito bom
agora, mas pode ser fatal para o futuro de nossa sociedade.
Cabe lembrar aqui, que
criticas são sempre bem vindas e não podem ser banidas. Mas elas tem lugar e
hora para acontecer, na fase de escolha das melhores idéias a capacidade de
critica e autocritica é fundamental. Mas durante a criação de idéias ela não é
bem vinda, pois ela tem o mesmo efeito que a sociedade tem sobre nós; é um
bloqueador de boas idéias.
Na contra mão disso tudo, esta a
certeza de que a criatividade e a inovação são fundamentais para o mundo
hoje e sempre. Empresas, cidades e países precisam de inovação e criatividade,
precisam de pessoas que saibam buscar soluções adequadas ,pois a atitude
criativa é o combustível que movimenta toda e qualquer tipo de solução nos
tempos de crise. Inclusive didaticamente falando o processo criativo começa com
o diagnostico das necessidades, de onde a seguir vem a geração de idéias (sem
criticas), que leva a analise das melhores alternativas e só por fim a
implementação da melhor.
Na próxima década as
empresas e a pessoas devem adotar os pilares gêmeos da criatividade e da
inavação. Pois a inovação é necessária para rejuvenecer países estagnados com empresas desesperadas
por soluções . Onde constataremos que essa nova geração freqüentemente chamada de insolente e impaciente, serão os
responsáveis por essas soluções.
Daí podemos ver que a criatividade é algo que sempre
tem que trazer resultados, pois ela precisa ser o instrumento de um progresso .
Então seja qual for a idéia criativa ela deve sempre ter origem na descoberta
de uma necessidade. Complementar a isso tudo existe o ponto fundamental que é a
visão clara de qual é o problema. Muito mais do que buscar soluções é
fundamental diagnosticar as causas, pois as idéias não serão eficientes se não
sabemos quais são as causas dos problemas.
Então por fim, nossos olhos
voltam-se para as Universidades, e a necessidade de resgatar a sua missão
acadêmica que deveria ser a de preparar as pessoas para realizar com
competência um papel profissional dentro da comunidade/estado, e através disso
influencia-la para o desenvolvimento responsável .
Porem o que vemos é a alienação
de muitos centros acadêmicos as necessidades do mercado de trabalho e da
própria sociedade. Instituições alienadas das demandas educacionais de sua
comunidade são irresponsáveis pois criam
lacunas que podem fazer ruir toda a cadeia de valor que depende delas como
entidades geradoras de uma força profissional preparada para o futuro; quando
na verdade não estão fazendo isso.
Para alcançar este propósito
a Universidade deve rever seu sistema de ensino, precisa “estudar” as empresas que foram
criadas por esses “gênios criativos”. O sistema educacional precisa de uma
injeção de inovação. Devem transformar o ensino em aprendizagem, onde o foco
não seja o mero repasse de conhecimentos, mas sim o desenvolvimento integral
dos alunos.
A começar pela quebra do paradigma
de que nossa sociedade não admite erros, como na letra do Legião Urbana : “Este é o nosso
mundo, o que é demais nunca é o bastante ,e a primeira vez é sempre a ultima
chance...”
“
No entanto, mesmo as pessoas
mais trabalhadoras e inteligentes ainda cometem vários erros. Na verdade as únicas pessoas que não cometem erros são aquelas
que não se ariscam. Já parou para pensar
que o 14 biss é uma sucessão de 13 “supostos erros” que culminaram no sucesso do décimo quarto protótipo?.
Muitos fundadores de
sucesso são capazes de aprender rapidamente com seus erros. E é ai que reside a chave do sucesso,
não deixar que essas falhas o derrotem .E preciso que nossos filhos, nossos
alunos aprendam que sua missão dentro da sociedade e a mesma que cada um de nós, ou seja, fazer
desse mundo um lugar melhor do que o que encontramos. E para isso é preciso
ousadia , coragem e muita rebeldia.
Nas palavras de Miguel Castaño
“Vamos saudar os Loucos, os Rebeldes , os Sonhadores ...
Porque nos levam adiante ... São eles
que Mudam as coisas porque acreditam que podem Melhorar o Mundo “
Sitações :
*O casal
Jobs adota um menino recém nascido, a quem batizam de Steve Paul Jobs. No verão de 1972, aos 17 anos, Steve sai de casa,
contra a vontade dos pais, para morar em uma cabana com sua primeira namorada.
Nesse mesmo período começa a beber, fumar, freqüentar espaços budistas de
meditação e a tomar ácido. No final do mesmo ano ingressa na universidade Reed
College em Portland, Oregon que cursaria formalmente apenas por seis meses.
"Desistir foi a melhor coisa que fiz. Pude me dedicar às coisas que eu
realmente queria fazer." disse anos mais tarde. Jobs passa 18 meses freqüentando
o campus da Reed College21 , onde ganhou permissão para acompanhar as aulas
como observador. Entre os cursos assistidos por Jobs estava um curso de
caligrafia que anos mais tarde influenciaria na tipografia do Macintosh21 .
**Gates nasceu em uma
família de classe média de Seattle. Seu pai, William H. Gates, era advogado de
grandes empresas, e sua mãe, Mary Maxwell Gates, foi professora da Universidade
de Washington e diretora de bancos. Bill Gates e as suas duas irmãs, Kristanne
e Libby, frequentaram as melhores escolas particulares de sua cidade natal, e
Bill também participou do Movimento Escoteiro ainda quando jovem. Bill Gates,6
foi admitido na prestigiosa Universidade Harvard, (conseguindo 1590 SATs dos
1600 possíveis7 ) mas abandonou os cursos de Matemática e Direito no terceiro
ano 8 , para dedicar-se à Microsoft.
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