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quinta-feira, 17 de março de 2011

ARTIGO DA REVISTA TELETIME :PROCURAM-SE PROFISSIONAIS

Transcrevo abaixo o artigo da Revista Teletime : Após isso gostaria de fazer varias considerações sobre isso ...

Fonte: Revista Teletime - Edição 139
[10/03/11]  Procuram-se profissionais <http://www.teletime.com.br/10/03/2011/procuram-se-profissionais/tt/216962/revista.aspx>  - por Daniel Machado

A escassez de mão-de-obra especializada em telecomunicações não é novidade no Brasil. Nem mesmo a relação desfavorável entre a oferta e a demanda por serviços, que complica ainda mais essa carência. A novidade é que fazia um bom tempo que o mercado brasileiro de telecom não terminava um ano de maneira tão positiva e promissora do ponto de vista dos serviços. Simultaneamente, vendas recordes em diversos segmentos, como TV por assinatura, 3G e fibra óptica, leilão da banda H e grandes fusões, como as que envolvem a Portugal Telecom e Oi e a Telefônica e Vivo. Sem falar nas grandes obras de infraestrutura que envolverão o Plano Nacional de Banda Larga, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos no país.

O bom momento evidencia ainda mais um crônico problema que acomete a indústria de telecomunicações: faltam profissionais em todos os níveis e categorias, do lançador de fibra óptica da rede externa ao engenheiro mais especializado.

Procuram-se engenheiros

Esse tipo de anúncio é comum nas páginas de classificados de empregos no Brasil. E nos próximos anos ficará ainda mais. De acordo com estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2012 haverá 150 mil vagas abertas para engenheiros (em todas as áreas) no país e não haverá profissionais para preenchê-las. Isso porque o país conta atualmente com 600 mil engenheiros registrados e forma outros 30 mil por ano, enquanto países como Índia e China formam, respectivamente, 300 mil e 400 mil por ano.

Para complicar ainda mais o quadro, o índice de evasão dos cursos de engenharia no Brasil é de 60%, um dos maiores do terceiro grau. A informação é da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação, que pretende até lançar em 2011 um Plano Nacional Pró-Engenharia. O objetivo do programa é impulsionar a formação de engenheiros no Brasil por meio de bolsas de permanência para os estudantes a fim de dobrar, nos próximos cinco anos, o número de formados.

E, se já não bastasse o alto índice de evasão universitária em engenharia, acontece uma segunda sangria de engenheiros formados, já no mercado de trabalho. Segundo Aloysio Byrro, chairman da Nokia Siemens Networks, esse índice de fuga é da ordem de 80%. “São 35 mil formados por ano, dos quais só 20%, ou 7 mil, seguem a carreira. Na China esse índice é de 60%”, adverte. “A base estratégica do setor de telecomunicações é formada pelos engenheiros, e temos percebido uma crescente falta de interesse dos jovens por essa profissão e pela área de exatas como um todo”, comenta Byrro. “Além disso, há muitas faculdades de fachada, baixo nível do corpo docente e de laboratórios. Engenharia precisa de laboratório!”, acrescenta.

Especialistas atribuem o baixo número de formandos em engenharia ao período de aproximadamente 20 anos nos quais a economia brasileira praticamente se manteve estagnada, reduzindo a demanda por profissionais do setor. Além disso, boa parte dos engenheiros migram para outras atividades, com remuneração mais vantajosa, como o segmento financeiro.

Hugo Valério, diretor da área de TI da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), faz uma análise ainda mais ampla do tema e diz que o desinteresse pela carreira de engenheiro tem raiz na infância do estudante, ainda no ensino fundamental. “Basta olhar para o ranking internacional que mede o conhecimento dos alunos em matemática. O Brasil está nas últimas colocações”, adverte. O diretor se refere ao Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado em 2009 pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) com 470 mil estudantes de 15 anos em 65 países. O Brasil atingiu a 57ª colocação em matemática, com nota 386, abaixo do Uruguai (48º), Chile (49º), México (50º) e, na América Latina, acima somente da Colômbia (58º), Peru (63º) e Panamá (64º). O conhecimento dos brasileiros na disciplina se mostrou similar ao de estudantes de países como Jordânia e Albânia. O ranking é liderado pela China, que obteve pontuação média de 600, seguida pelos asiáticos Singapura (562), Hong Kong (555), Coreia do Sul (546) e Taiwan (543). “Estamos com deficiência no ensino de matemática desde o ensino fundamental. Faltam professores. O governo precisa investir aí”, diz Valério.

Outra condição central, de acordo com Byrro, para se suprir a carência de engenheiros no mercado de telecomunicações é a desoneração do custo trabalhista. “Esse carga no Brasil atinge 100%, enquanto em países como os Estados Unidos é de 8%. No Canadá, a cada dólar investido há um dólar de incentivo por parte do governo. Não dá para competir assim”, reclama.

Problema generalizado

Não faltam apenas engenheiros no mercado de telecomunicações, mas também trabalhadores da base da pirâmide, de menor qualificação técnica, porém fundamentais para as operadoras de telecom, tanto na expansão das redes metropolitanas quanto do backhaul e backbone.

Segundo Hélio Bampi, diretor de relações institucionais da Abeprest, associação que congrega as empresas instaladoras de redes externas do país, a falta de mão-de-obra atinge toda a cadeia de implantação de cabos ópticos. “Falta gente especializada no mercado, do meio-oficial de linha, ou aprendiz de lançador de fibras ópticas, até o lançador de cabo, passando pelo auxiliar de emenda de fibra, o emendador e o testador”, diz o diretor, que vivencia o problema diariamente por ser também presidente da Radiante, prestadora de serviços que executa instalações de redes externas.

O principal motivo dessa carência são os baixos salários desses profissionais que, segundo Bampi, é consequência das baixas margens dos contratos com as operadoras. De acordo com ele, os valores contratuais enxutos estabelecidos pelas operadoras têm gerado não só a escassez de profissionais, mas também a migração de empresas do setor para outros segmentos de negócio, como segurança patrimonial, monitoração eletrônica, logística reversa, biodiesel e reciclagem. “Não é para menos: já atuamos em um mercado com poucos compradores e ainda por cima com preços os mais baixos possíveis, negociações extensas e extenuantes, fica difícil manter a boa remuneração dos funcionários, que também estão indo para outros setores, como construção civil e segurança patrimonial”, acrescenta.

Segundo o dirigente, o crescimento do contingente de profissionais das prestadoras de serviços deveria ser de 13% ao ano até 2014 para que sejam absorvidos todos os investimentos realizados neste período pelas operadoras. “Por isso, essa equação precisa ser urgentemente resolvida, é preciso haver uma repactuação financeira em patamares superiores para reter e atrair mão-de-obra”, reclama.

O executivo comentou que durante três dias a Radiante chegou a realizar um trabalho de divulgação de 70 vagas de instaladores nas ruas de Curitiba, com panfletagem e veículos com auto-falante. “Meu resultado foi péssimo, só três pessoas”, lamenta.

A diretora geral da AES Atimus, Teresa Vernáglia, também se mostra preocupada com a situação. “O mercado está extremamente aquecido e faltam engenheiros e demais profissionais em todos os segmentos. Estamos ajudando na formação de mão-de-obra, juntamente com nossos prestadores de serviços, não só para a formação como também para a retenção e integridade física dos profissionais desse setor”, acrescenta.

O problema afeta até mesmo as grandes operadoras. A Telefônica, por exemplo, também é obrigada a fazer o treinamento interno de funcionários, mesmo os terceirizados, mas reconhece que mesmo assim falta mão de obra no mercado.

Engenheiros importados

Se há escassez de engenheiros no Brasil, o mercado começa a buscar novas formas de suprir essa carência. Segundo dados da Coordenação Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), entre 2008 e 2009 o número de autorizações concedidas a engenheiros estrangeiros saltou 27%, de 2.712 para 3.542. Entre janeiro e julho deste ano, a entrada de estrangeiros no País já superou os números de 2008, com 2.804 autorizações. O Brasil deve encerrar 2010 com a entrada de 4,8 mil engenheiros estrangeiros, um crescimento de 39% em comparação ao ano passado.

Um comentário:

  1. A quem possa interessar: Na NAB que ocorreu semana p.p. constatamos que as empresas (fabricantes estrangeiros) também tem carência de pessoal de engenharia. Não conseguem desenvolver novos produtos por falta de pessoal disponível.

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